Roque grande contra roque pequeno


Temos visto uma família de ataques sobre o roque pequeno. Este é um tema de grande interesse e poder de atração ao aficcionado que estudaremos mais adiante vários de seus aspectos. Agora nos ocuparemos do ataque o contra-ataque, Observaremos um duplo duelo sobre ambos roques: o pequeno e o grande, e veremos como, por sua maior debilidade natural deste último, triunfa geralmente que efetuou o roque na ala do rei.
Mas, antes, é justo que detalhemos por que causa é mais débil o roque grande. A razão é simples: quando o rei se coloca na ala da dama, tem uma maior extensão os pontos vulneráveis: c2,b2,a2. Também é um convite ao ataque, porque não há jogador, por mais mediocre que seja, que não vislumbre uma ataque sobre o roque grande. A maior quantidade de linhas por onde o rei pode ser atacado faz com que geralmente se abra alguma coluna sobre o mesmo por meio dos avanços de peões, e desta forma os riscos são muitos maiores.

As táticas bem definidas

Quem ataca deve buscar a troca de peões desta ala para abrir colunas sobre o rei, e que, por consequência lógica, quem se defende em todos os ataques sobre o roque, deve tratar de evitar estas trocas e bloquear a situação com seus próprios peões, desta maneira, as peças inimigas, especialmente as torres não tem ação.
E como se chega a isto ? É muito fácil dizer o que se deve fazer, mas o que há de dizer é como se deve fazer. Na verdade isto é mais difícil, pois entra no terreno da técnica do jogador, mas apesar disto, há alguns princípios fundamentais que permitem ao principiante facilitar sua tarefa mental.

Algumas regras fixas

O jogador que defende o roque não deve avançar os peões do seu roque. O jogador que defende nunca deve provocar com seus peões a um peão inimigo, salvo em posições especial; mas isto só é bom quando há tantas peças que defendem quanto as que atacam, e quando os próprios peões encerram a própria força. Ao abrir o jogo o lado defensor pode contra-atacar na ala atacada, mas isto é muito pouco usual. O que sucede geralmente é que quem ataca, melhor dito, quem ataca bem, o faz porque possui maior número de efetivos que o adversário desta ala.
Mas, dirá o aficionado, não é possivel evitar que o adversário nos provoque ? Neste caso, cabe a um a opção de aceitar as provocações trocando peões e abrindo colunas, ou evitar, avançando o peão atacado e começando a bloquear o jogo.
Em síntese: o bloqueio se consegue sempre quando o que atacado por meio de peões avança seus peões agredidos, evitando que estes possam ser trocados.
Disto resulta sempre que o ataque é um problema tático, fácil de resolver favoravelmente, sempre para quem sabe valorizar de justa maneira quando a possibilidade de ganhar espaço se justifica o sacrifício, pois as posições de bloqueio só se desfazem por meio de entrega de material.

Veremos um exemplo de roque grande contra roque pequeno com Nimzowitch, aparentemente, em uma posição perdida, contra-ataca e, mediante o sacrifício de várias peças, abre brechas no jogo inimigo.










Position after:


1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cc3 Cf6 4.Bg5 Bb4 Esta jogada da lugar a variante McCutcheon da Defesa Francesa. É uma linha de jogo perigosa e de contragolpe. As negras, em vez de resignar-se a defender sua posição e neutralizar a ação das peças adversárias, opta por buscar a solução estratégica da abertura em contra-ataque. As brancas defenderam o peão em d4 ao cravar o cavalo, e as negras cravam o CD inimigo e o anulam como peça de ação central, Uma verdadeira luta pelo centro por procedimentos indiretos. 5.exd5 [Mais enérgica parece ser: 5.e5 h6 que tem a dupla virtude de limitar o campo de réplicas inimigas, já que ataca o cavalo e este só pode ser defendido por h6, que ameaça o bispo e não permite que o BD negro jogue.] 5...Dxd5 [É provavelmente melhor: 5...exd5 mas Nimzowitch gostava das posições desequilibradas, como se denomina todas as que se caracterizam por existir uma linha aberta para cada jogador. Da troca de peões só ficaria aberta a coluna "e" cada adversário acumularia nela força com possibilidades iguais e por essa via se produziria a simplificação. Ao evitar a troca, fica a disposição das brancas parte da coluna "e" e para as negras parte da coluna "d". As peças não se trocam e o jogo, por esta causa, se faz mais difícil.] 6.Bxf6 gxf6 Já se abriu a coluna "g", o que impede as negras de rocarem nesta ala, pela facilidade da torre branca em atacar g7. 7.Cf3 Cc6 8.Be2 Bd7 9.0-0!? Provocando um duelo de morte, as brancas buscam o ataque, porque sabem que o adversário não poderá atacar sem rocar grande e estão dispostas a contra-atacar neste setor. 9...Bxc3 10.bxc3 Tg8 11.c4 Dh5 12.d5! A luta complicou e as negras tentam abrir a posição central, desejosas de verificar se é verdade que não é possivel atacar nos flancos enquanto o centro se acha incerto. Princípio da estratégia militar e enxadristica que tem resistido a todas as experiências. 12...0-0-0 Colocando o rei em segurança 13.Cd4 [13.dxc6 Bxc6 14.De1 Bxf3-+] 13...Dh3 14.g3 Tg6 Este é um erro que tem sua origem no defeito de se levar pelas jogadas "naturais". Em xadrez, há que desconfiar da primeira impressão e esta partida é uma prova disto. Observe a aparente razão deste lance, pois tudo parece indicar que as brancas estão perdidas depois da jogada Th6 das negras; mas Nimzowitch viu mais longe, e mediante uma magnífica combinação destruirá as ilusões de seu adversário. 15.dxc6!! Bxc6 16.Cxc6!! O sacrifício ganhador, que a custa da dama tira do rei uma coluna de possivel fuga 16...Txd1 17.Tfxd1 bxc6 E agora parece que as brancas estão perdidas, mas a abertura desta nova coluna coloca o rei em posição de mate. 18.c5! Tg8 19.Tab1 1-0